Ourivesaria

A coleção de ourivesaria compõe-se de peças de uso e de aparato (século XVII ao século XX).

Em prata destacam-se as lavandas, peças gravadas com os brasões de família e outras insígnias de posse, sendo especialmente importante o conjunto peças de uso cerimonial, provenientes de Itália, outrora pertencentes ao Bispo de Viseu D. Júlio Francisco de Oliveira (1740-1765), compostas por dois cálices litúrgicos, uma caixa de hóstias, três salvas e um aguamanil.

A constituição desta coleção deve-se à incorporação de bens pela aplicação da Lei de Separação do Estado e da Igreja (1911), e aos legados do Visconde da Trindade, do Coronel Joaquim Cabral Cavaleiro e de D. Maria Fernanda de Vasconcelos Lucena e Vale.

Têxteis

Pela sua natureza, aliada a razões de conservação condições peculiares de exposição, este conjunto tem permanecido em reserva. Objetos tão diversos como tapetes, indumentária religiosa, alfaias litúrgicas, colchas, fragmentos de tecidos, etc.

A maioria da coleção de têxteis do museu está ligada à indumentária de aparato litúrgico. A importância atribuída a determinadas peças de paramentaria, não apenas enquanto meio de distinção ou identificação, mas sobretudo na sua condição de suporte figurativo, através do bordado, encontra-se em algumas peças de grande significado artístico.

Com a presença de um pano de armar bordado a seda, proveniente da China e datável do séc. XVII, alarga-se o âmbito artístico e geográfico desta coleção.

Numismática

 A integração desta importante coleção de numismática ocorre com a incorporação do Legado de José Nogueira Lobo, em 1932.
As primeiras moedas portuguesas terão sido produzidas ainda no reinado de D. Afonso Henriques, certamente depois de em 1179 ter sido reconhecido pelo Papa como Rei, são pequenos espécimes feitos de bolhão.
O mais antigo espécime, de bolhão, desta coleção foi cunhado no reinado de D. Sancho I, rei de Portugal de 1185 a 1211 e percorre todos os períodos da monarquia portuguesa atá à implantação da república.
Em 2012, o Legado Pereira da Gama, veio enriquecer este núcleo.

Mobiliário

Os móveis estiveram ao longo de muito tempo expostos nas galerias deste museu como peças essenciais para a decoração dos espaços, para a reconstrução do ambiente da época e também como suportes museográficos, surgem agora, na exposição permanente, valorizados em si mesmos.

A coleção de mobiliário é constituída por um significativo número de peças que integra exemplares de diversas tipologias, num universo cronológico que vai desde o século XVII até à segunda metade do século XX. Revelam o gosto requintado de fidalgos de província e a sumptuosidade dos paços eclesiásticos.

O mobiliário civil português está amplamente representado com os três grandes estilos que marcaram o século XVIII em Portugal, designadamente “D. João V”, “D. José” e “D. Maria I”, que permitem identificar algumas soluções técnicas, morfológicas e estéticas, numa época particularmente criativa e receptiva de grandes influências estrangeiras.

Arqueologia

Embora a coleção de arqueologia do Museu Nacional Grão Vasco não seja uma coleção de valor excepcional, possui no entanto algumas peças bem importantes. É o caso de um fragmento de uma ara votiva, cuja proveniência se desconhece, que é o resultado da expressão da devoção popular a uma divindade indígena pré-romana da região de Viseu, COSEI, até agora desconhecida, vindo a estender mais a sul o culto a esta divindade, até então conhecida em castros do norte do país e da Galiza.

Outra obra da coleção que  prova uma vez mais o sincretismo entre as religiões romana e indígenas é uma ara votiva com inscrição romana datável séc. II, de Cavernães, com a seguinte tradução: Lúcio Valerio Caturo levantou (esta ara) ao deus Lurúnio (em cumprimento do voto) do pai, Sateilo, muito agradecido.
A primeira notícia sobre as inscrições de Cavernães é-nos fornecida por Manuel Botelho Ribeiro Pereira na sua obra “Diálogos Morais e Políticos” (escritos entre 1630 e 1636), depois dele outros autores se interessaram nomeadamente Frei Agostinho de Santa Maria.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Desenho

Valiosa coleção de desenhos de inquestionável qualidade artística, estão inscritos no universo temporal que vai do séc. XVIII à 2.ª metade do séc. XX.

Sobre a temática abrangente do “Corpo”, constam estudos de pormenor de figura até ao desenho acabado, desvelando as linguagens e coreografias do corpo, nu ou habitado.

Sobre o “Sagrado e o Profano”, os desenhos do MNGV ilustram ambas as tendências, com a continuidade de temas seculares até às composições mundanas, no decurso do séc. XIX e XX.

Para o século XVIII, o discurso iconográfico encena-se em torno das imagens humanizadas de Maria, de santos, apóstolo e anjos. Os desenhos preparatórios de fundamento religioso para obras de vulto são da mão de Vieira Lusitano e têm um caracter essencialmente descritivo. Os desenhos acabados de composição ou autónomos encontram em Domingos Sequeira o derradeiro fôlego de significado teológico.

Os desenhos que versam temas profanos constituem a maioria dos objetos do museu. Os conteúdos profanos dos desenhos dos últimos séculos não exibem a complexidade simbólica e iconográfica dos acima mencionados. Retratos, paisagens, temas históricos e de vida quotidiana que atraem o imaginário de artistas contemporâneos, de um naturalismo sensível e táctil, refletem o sentido cultural de uma nova sociedade.

A “Paisagem e narrativa”, nesta coleção vislumbram-se os contornos e a forma de um novo sentimento estético pela mão de Tomás da Anunciação, que transcreve num expressivo desenho elementos que habitam a natureza: animais e homens.

As composições prendem-se em narrativas de costumes apontadas com deleite, em temas extraídos da vida quotidiana, tipos simples que despertam emoções, fainas agrícolas. Retrato de um país mais rural que urbano.

O “Retrato”, o destaque vai para os desenhos de Columbano – que obteve fama de exímio retratista, tendo recebido e executado numerosas encomendas de clientes e personalidades ilustres do seu tempo – ainda que sejam estudos acabados para uma obra de vulto, e que tenham sido feitos na ausência do modelo vivo, conseguem reproduzir com fidelidade e vigor as personagens, captando na ficção do retrato a presença do modelo.

Com António Carneiro rompe-se definitivamente com o retrato de género de compleição convencional. Trata-se do registo íntimo do retratado em que o artista pretende comunicar a plausabilidade psicológica e a carga emocional do sujeito penetrando na sua essência, são testemunhos de uma relação de cumplicidade entre o artista e o modelo.

Espólio documental

Reúnem-se neste arquivo cerca de 1300 documentos, 17 livros manuscritos e 4 selos avulsos, abarcando uma cronologia que se estende dos séculos XIII ao XX, na sua maioria provenientes do cartório do cabido da Sé de Viseu.

Parte deste valioso património documental, que, contrariamente ao previsto, não transitou para o recém-criado Arquivo Distrital de Viseu (janeiro de 1932), foi dado a conhecer em 1955, no início da direção de Fernando Russell Cortez, quando o tenente e musicólogo Manuel Joaquim trouxe a público a notícia de um conjunto de cartas-missivas quinhentistas, de dois Antifonários e de um livro setecentista de cópia dos antigos privilégios do cabido, avançando desde logo com uma meritória tentativa de inventário de um conjunto de pergaminhos.

Vidro

A constituição desta coleção é na sua maioria de objetos de uso doméstico de meados do século XX, produzidos nas fábricas da Marinha Grande, que conjugam formas inovadoras e de inúmeras tonalidades.

Destaque para as peças de Jorge Barradas (1897-1971), datadas de 1930, produzidas na Marinha Grande, que acompanham uma tendência de reprodução e recriação de motivos portugueses, que já vinha sendo desenvolvida desde o início da década de 1920. Entre muitos outros artistas, a decoração do vidro pintado a esmalte, produzido na Marinha Grande, durante as décadas de 1940 e 1950, refletiu precisamente essas temáticas, evocando tradições regionais e nacionais através de aspetos do artesanato e do folclore de Portugal.

Seguindo de perto as técnicas de decoração dominantes nas fábricas da Boémia, as fábricas portuguesas adotaram uma enorme variedade de esmaltes coloridos na decoração das suas peças a partir da década de 1940. São escassos os exemplares na coleção, que surgem, de acordo com a exuberante gramática decorativa da Art Déco

 

Metais

Esta coleção tem particular importância pela presença de um significativo conjunto de alfaias de culto, com destaque para as cruzes processionais do séc. XIV ao séc. XVI, uma Caldeirinha em cobre do séc. XVI e pratos de oferendas do séc. XV, de latão, obras das oficinas de Nuremberga.

Gravuras

A coleção de gravura do museu é constituída por cerca de 50 obras. Destaque para as obras de Angélica Kauffman, produzidas pelo notável gravador Francesco Bartolozzi (Florença, 1727 – Lisboa, 1815).

Uma referência especial para a obra Patrulha de reconhecimento na terra de ninguém, de Adriano de Sousa Lopes enquanto oficial-artista do Corpo Expedicionário Português e o único pintor oficial do Exército em França nos anos de 1917 e 1918, com a missão de documentar a participação portuguesa na frente ocidental, que produziu no rescaldo do conflito.

Fazem ainda parte desta coleção, obras de José Contente, que se notabilizou no campo do desenho e da gravura, e uma interessante série de gravuras sobre Alfama de Attila Mendly De Vetyemy.