As obras e os objetos reunidos neste núcleo permitem evocar alguns aspetos essenciais da arte e da religião no final da Idade Média. Progressivamente foi surgindo uma versão cada vez mais humanizada da representação divina, traduzindo uma relação mais próxima entre o Homem e Deus.
O humanismo e o sentido da autonomia do indivíduo, expressões de uma mudança sensível que atravessou a Europa a partir dos séculos XIII-XIV, traduziram-se num expressivo incremento da devoção a Maria e ao Cristo dos Evangelhos. Esta nova sensibilidade religiosa traduziu-se por uma série de representações inovadoras, consagrando, para além da incidência de temas marianos e cristológicos, um tratamento cada vez mais realista da forma.
Na escultura, o trabalho ainda esquemático e geometrizante da maioria dos exemplares em exposição, seja das mais antigas, em madeira, seja das de cronologia mais avançada, em pedra calcária, permite identificar uma aproximação ao realismo que se iria impor nos séculos seguintes, no período do Renascimento