O sentido da paisagem enquanto tema por excelência da pintura portuguesa de Oitocentos encontra-se desde logo no pré-naturalismo bucólico de um Tomás de Anunciação, prolongando-se depois em muitos e variados exemplos
Em Portugal a introdução do Naturalismo na pintura verifica-se na década de 70 do século XIX, com Silva Porto e Marques de Oliveira, transpondo-se para a tela cenas de um quotidiano bucólico, paisagens e costumes rurais, marinhas, ambientes urbanos e burgueses, corrente que se mantém até ao primeiro quartel do século XX.
Museu de Grão Vasco possui obras de pré-naturalistas como Tomazini, Alfredo Keil e Tomás da Anunciação e dos grandes protagonistas do Naturalismo português pintores de primeira e segunda geração, como Silva Porto, Marques de Oliveira, Artur Loureiro, José Malhoa, Columbano, Sousa Pinto, João Vaz, António Ramalho, Carlos Reis entre muitos outros.
De outro grande mestre português, António Carneiro – através de cuja obra se fez a chegada exata da pintura portuguesa ao séc. XX, e em termos contemporaneamente europeus –, expõem-se excelentes exemplos.
A pintura de João Peralta, O Pomar, é já uma obra completamente integrada nas correntes modernistas do seu tempo. Ela representa quatro mulheres com um ar descontraído, que partilham alguns frutos. Em pano de fundo está uma indistinta paisagem rural. De Eduardo Viana apresentam-se dois Aspetos de Olhão, datáveis dos primeiros anos da década de 20, onde a paleta nos remete para uma paisagem urbana algarvia, cheia de contrastes, vivacidade e luminosidade, e onde as representações geométricas ganham grande relevo, prenunciando uma tendência cubista.